Ramón Díaz pode ser denunciado pelo STJD por fala em entrevista



Os problemas gerados pela fala machista do técnico Ramón Díaz, do Vasco, podem não ter se encerrado no pedido de desculpas feito após a coletiva, na última quarta-feira, depois da derrota para o Red Bull Bragantino, no Nabi Abi Chedid. A Trivela apurou que o comentário feito pelo treinador argentino sobre a árbitra do VAR do duelo com o Grêmio, na primeira rodada do Campeonato Brasileiro, será analisado pela Procuradoria do STJD. E, caso haja denúncia, Ramón Diaz pode ser até suspenso e desfalcar o Vasco na beira do gramado.


Ramón Diaz pode ser denunciado no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). O artigo fala em "Praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência". Ramón Diaz pode ser suspenso de cinco a dez partidas, além de receber multa de R$ 100 a R$ 100 mil.

Depois da derrota para o Red Bull Bragantino, ao ser questionado sobre a arbitragem do jogo, Ramón Diaz aproveitou para reclamar do VAR do duelo com o Grêmio, no último domingo. E fez um comentário machista sobre a árbitra Daiane Muniz (FIFA-SP). Cerca de trinta minutos depois da coletiva, o técnico pediu desculpas em conversa com os jornalistas e disse que foi mal interpretado, mas o estrago já estava feito.

– Com relação aos árbitros, não podemos falar muito. Tem o VAR. Na última partida, em casa, uma senhora, uma mulher, interpretou um pênalti de outra maneira. O futebol é diferente. Principalmente de que o VAR seja decidido por uma mulher. Acho que é bastante complicado, porque o futebol é tão dinâmico, tão rápido, com decisões tão rápidas. Hoje não sei sobre o árbitro num pênalti em nosso ponta. Que bate e leva, não sei também se foi pênalti – afirmou Ramón Diaz em entrevista coletiva no Nabi Abi Chedid.

Especialista fala sobre possível punição a Ramón Diaz

Para entender a possibilidade de Ramón Diaz ser suspenso pelo STJD, a Trivela conversou com Fernanda Soares, especialista em direito desportivo. Para a advogada, a possível punição vai depender da interpretação do Tribunal sobre a intenção ou não de Ramón Diaz com a sua fala.

– Para que seja aplicada essa punição, o tribunal precisa chegar a conclusão de que o Ramón Díaz quis praticar o ato discriminatório, ou seja, que ele teve a intenção de discriminar; que a fala dele realmente expressa um pensamento discriminatório em razão do sexo da árbitra de vídeo. Isso nem sempre é fácil porque não é fácil determinar a intenção das pessoas – afirmou Fernanda Soares à Trivela, antes de completar.

– Caberá ao tribunal determinar se a fala dele foi discriminatória ou se ele não soube se expressar corretamente na entrevista – disse a advogada.

Ramón Diaz e Vasco pediram desculpas por fala machista

Depois da derrota para o Red Bull Bragantino, Ramón Diaz falou sobre a árbitra Daiane Muniz (FIFA-SP), que foi a responsável pelo VAR na vitória do Vasco sobre o Grêmio, no último domingo. Na partida, o Cruz-Maltino ficou na bronca com o pênalti não marcado de Rodrigo Ely, do Grêmio, em Galdames, durante o segundo tempo. O árbitro Flavio Rodrigues de Souza (FIFA-SP) não foi nem sequer ao monitor para rever o lance.

Cerca de trinta minutos depois do fim da coletiva no Nabi Abi Chedid, com a repercussão negativa da fala machista, Ramón Diaz procurou os jornalistas presentes no estádio e pediu a tradicional desculpa após uma fala problemática. Pouco depois, o Vasco também publicou uma mensagem nas redes sociais lamentando a fala do treinador.

— Se interpretou algo mal da minha declaração. Quero pedir desculpas. Me pareceu que o que eu quis dizer é que uma só pessoa não pode tomar uma decisão tão importante como é a participação do VAR no futebol. Se se interpretou mal, peço desculpa, mas não é minha intenção — afirmou Ramón Diaz.

Desculpa de Ramón Diaz pode amenizar o caso

O pedido de desculpas feito por Ramón Diaz pode atenuar a situação para o treinador. Em 2021, o Botafogo foi julgado por gritos machistas de torcedores e foi punido com uma multa de R$ 10 mil. Na ocasião, durante um jogo contra o Brusque, no Nilton Santos, torcedores alvinegros xingaram a assistente Katíuscia Mendonça de "piranha".

No fim do jogo, ainda no gramado, o presidente do Botafogo, Durcesio Mello, entregou uma carta com um pedido de desculpas a assistente. O clube acabou denunciado no artigo 243-G e poderia até perder pontos, mas levou apenas a multa de R$ 10 mil. Durante o julgamento, um dos auditores citou o pedido de desculpas do clube.

Fonte: Trivela

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